Eu gostava de você, mesmo. Quando todo aquele discurso desesperado tomou conta da minha língua, sentada na frente daquele portão branco, as altas horas da madrugada, era tudo a mais pura verdade: Impensada e tremida. Você pediu pra ouvir da minha boca, e lá estava ela, em palavras. Ao contrário do que eu queria.
A desculpa mais apropriada foi a tequila rapidamente ingerida, sem muito pensar; O pressionar de todos ao nosso redor que insistiam que aquela era a nossa noite. E eu, bem... Eu me deixei acreditar. Mas não cem por cento, como podia deixar muito claro toda a insegurança dentro de cada dose de álcool.
Você pediu para que eu falasse o que me preocupava, e eu falei. Falei sobre carreiras, sobre a vida, sobre o futuro, sobre São Paulo... E quando eu disse que estava tremendo, não só de frio, mas de nervoso, você disse que sentia o mesmo. Me pediu pra ir junto, pra São Paulo. Pro seu sonho.
E então as horas começaram a entardecer, e você teve que ir embora na promessa de algumas horas mais tarde voltar... Mas não como todo mundo havia dito. Não seria nossa noite, muito menos nossa manhã. Você foi, e eu entrei correndo, me jogando nos braços do primeiro abraço.
Se te faz sentir melhor, meu choro durou apenas um único abraço. Se te faz pior, doeu uma infinidade.
E então, onde ele entra?
Ele segurou minha mão, sem nem saber porque, enquanto eu nem sabia o que acontecia. Ele me abraçou durante uma madrugada que tinha a promessa de ser nossa. Ele me deixou menos sozinha, com você longe. Como retribuição a um favor que eu nem sabia que precisava, lhe dei um beijo. Um beijo que só quando dado se sentiu necessário. O resto, você meio que já sabe.
Sim, eu passei tempos e tempos dando a ele o que eu pensava que seria dado a você. Algumas horas, já não sabia mais o que lhe dava porque lhe era de direito e o que dava que era seu. O que sabia era que tudo, tudo ia pra ele.
E foi assim, com o tempo, que eu me achei. Nos braços dele e nas suas risadas.
Não me leve a mal, ele é o meu garoto. E disso hoje já não tenho mais dúvidas. Tudo o que eu sempre quis, porém, algo em você ainda me faz rir e ficar feliz por maior que seja meu mal humor. Mas isso hoje, só chamo de amizade.