Doce Melodia

Uma suave melodia ecoava pelos corredores, porém num volume baixo de mais para ser percebido pelas pessoas que passavam correndo, ou ocupadas demais em suas conversas desprovidas de inteligência.
O sinal tocou, e em poucos segundos fiquei só eu, com a melodia só pra mim, sabia de onde ela vinha, só não tinha certeza se era a hora certa de encontrá-la.
Fui andando calmamente pelos corredores, agora, vazios, enquanto apenas escutava a musica, deixando que ela fizesse todo o trabalho. Cheguei na porta do auditório, que como eu esperava, estava um pouco aberta.
Todas as luzes estavam apagadas, a única luz era a que entrava por uma fresta da janela mal fechada, que batia exatamente em cima do banco do pianista.Abri a porta devagar, me concentrando ao máximo em não fazer barulho.
Ele estava ali, completamente compenetrado naquelas pequenas e delicadas teclas, as quais ele dedicava tanto do seu escasso amor. O piano era uma das únicas coisas que você podia dizer com certeza que ele amava. Você via em seus olhos azuis, e no canto dos seus lábios a quantidade de alivio que ele descarregava. Era como seu melhor amigo na universidade, com o qual você sentava algumas vezes por mês para se discutir a vida, os amores, o destino,... Não que aquele rapaz soubesse como era essa sensação, mas ele não ligava, desde que pudesse se sentar junto ao seu piano, e se desconectar. Ele parou de tocar.
Ele estava sentado na ponta de um banco, com um pouco menos de um metro, me sentei ao lado dele, com as mãos delicadamente apoiadas nos joelhos, olhando para as suas teclas reluzentes.
Ele voltou a tocar, mudando para uma música mais leve, porem mais... Como posso dizer? Romântica talvez. Eu olhava para as mãos dele, deslizando entre as teclas. Não esperava que ele parasse, e nem queria. Tudo o que eu precisava era ficar ali, olhando aquelas mãos deslizarem, produzindo uma perfeita melodia.Ele tocou as ultimas notas, ao meu lado, e me olhou nos olhos.
Coloquei minha mão em cima da dele, fazendo com que algumas notas sem sentido saíssem, pude sentir o veludo perfeito da pele dele, me levantei e desci apressadamente a pequena escada que dava acesso ao corredor no meio da plateia. Já estava quase no fim, quando senti a mão dele segurar a minha.
- Quem é você?- Ele perguntou me perfurando com a profundidade de seus olhos azuis, ainda segurando minha mão.
- Acha mesmo que faria diferença a minha resposta?
- Não. -Ele disse no modo mais duro e simples.
Larguei a mão dele, e corri para a porta, quando ele me puxou de novo pela mão, e antes que eu fizesse alguma pergunta, ou que ele notasse meus olhos já vermelhos, ele encostou seus lábios no meu, numa mistura de carinho e melodia.
Como a maioria das pessoas dizem, meus pés não pareceram sair do chão, não ouvi fogos de artifícios, nem senti como se borboletas saíssem pela minha boca.Mais posso jurar que senti os dedos dele a tocarem uma nova melodia em mim.

P.s.: Esse texto é uma coisa velha já, foi escrito a algum tempo, por mim mesma (:
P.s²: O texto não tem nada haver com o Edward... Ele só esta ali pra podermos contemplar a sua beleza ;)
P.s³: O texto não tem nada haver com pessoas já citadas nesse blog. Qualquer semelhança, é mera coincidência.