Ela se sentia criança novamente, procurando as escuras pela casa pela presença dele. Ela adorava isso, poder se sentir com a idade que quisesse quando estava com ele.
Os cômodos mais do que familiares estavam completamente escuros, iluminados apenas por alguns pequenos feixes de luz que escapavam das cortinas fechadas. Ela andava apalpando as paredes as cegas, assim como fazia quando era menor, com a única diferença da vontade com que ela apalpava tudo, abria as portas, e fingia não ver as outras pessoas que ela encontrava no meio do caminho. Ela precisava achar
ele. Nada mais do que isso.
Precisava achar naquele escuro, o calor do corpo dele, o som de sua respiração, e encontrar na presença dele a lembrança do sorriso que daria quando ela o encontrasse.
Ela correu para o ultimo lugar que havia sobrado da casa, seu quarto. Foi logo em direção ao armário e abriu a primeira porta com delicadeza, e tocando um corpo quente que se encolhia ali, segurando o riso.
Ela sorriu, um sorriso mais do que sincero, espontâneo. Sabia que ele também sorria. Abriu a outra porta do armário e entrou lá.
- Receio que seja o primeiro a ser encontrado. –Ela disse rindo baixinho.
- Droga, nunca fui bom em me esconder. –Ela com certeza sabia disso, mais do que ninguém. Ele foi mais para o canto, dando um espaço para ela sentar ao lado dele.
Ela foi pro lado dele com cuidado pra não esmagar ele ou fazer qualquer barulho. Ele passou o braço pelos ombros dela.
- Precisamos mesmo sair daqui? –Ele perguntou baixinho, chegando com o rosto mais perto.
- Acho que não... –Tudo o que ela queria é que o mundo se resumisse aquele pequeno armário, e que ela pudesse voltar a ser criança ao lado dele, ali,
naquele momento.