Mas meus pensamentos continuavam ali, dentro da cabeça. Não havia como esquece-los em casa. Nem jogar fora as lágrimas que brotavam dos meus olhos e se misturavam com as pesadas gotas de chuva que me encharcavam dentro do meu fusca conversível.
Meu corpo guiava o carro e se importava em me fazer limpar os olhos algumas vezes, enquanto minha mente vagava por ai. Mas não foi difícil saber a onde eu estava quando desliguei o carro e apertei meus olhos pra ver em volta através da chuva.
Devia ter passado de meia noite e a chuva ficava a cada minuto mais forte. Me deitei nos bancos da frente do carro e me deixei ficar lá, enquanto a chuva tentava inutilmente molhar minha alma. Fechei meus olhos e mergulhei de cabeça em todos os meus pensamentos...
-Por quanto tempo pretende ficar ai?
Abri meus olhos mas não consegui ver nada com toda aquela chuva. Também não era necessário.
-Até ter água suficiente pra eu poder me afogar aqui dentro.
Ele abriu a porta do carro e empurrou minhas pernas pro lado para que ele pudesse se sentar no banco do motorista.
-Vou esperar aqui com você. - Percebi que ele não vestia nenhuma capa de chuva, nem tinha trazido nenhum guarda-chuva.
-Mas esta chovendo! -Comentário meio óbvio, mas que não conseguir conter quieto dentro de mim.
Ele olhou em volta, e depois pra mim. A chuva começou a ficar um pouco mais fraca.
-Isso não te impediu de dirigir até aqui.
E nisso ele me puxou pro colo dele, e me aninhou ali. Em segurança.